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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Ideias Engarrafadas













Não, não estou falando do atual trânsito de Resende...
A expressão ideia engarrafada expressa o impedimento da saída, a obstrução, ou o bloqueio das ideias mais originais, cercadas não só pela mente aprisionada e/ou reduzida a visões unicistas, mas por uma sociedade de consumo sempre presa em padrões prestabelecidos de pensamento, conduta, moda, comportamento. Afinal, quais são os bons costumes defendidos pela sociedade contemporânea? Que patamar é esse de moralidade que reproduz socialmente o menino marginal e depois o condena e o mata?
Existem mais coisas entre o que podemos ver e o que de fato existe neste mundo...
Colocando minhas ideias nas garrafas, consegui expressar minha indignação diante da castração do que posso chamar de ser original, além de expor meus desejos, sem contudo deixá-los no patamar do senso comum. O resultado estético é interessante pois trabalho com cores, texturas, poesias, imagens, materiais diversos, mas com um mesmo padrão. A estética reproduz a concepção da obra, o original versus a sociedade de consumo.
Pode ser arte fácil. Que me desculpem os artisitas contemporâneos e sua linguagem ao alcance dos E.T.s, eu quero ser entendida e não me importo em colocar minhas fragilidades a mostra.
Esta é apenas uma sequência, pois o conjunto das ideias é bem mais engarrafado que o trânsito da minha amada cidade!!!!
Kátia Quirino


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Embate Violento


O que posso dizer deste
meu corpo estendido na cama
O pernicioso desejo da carne
suplanta toda a razão
Minha pele antes opaca
de um branco cinzento
Agora ruborizada
pelo calor do sexo
A pele vermelha, os lábios inchados
expiram o suor das acrobacias
quase involuntárias
O corpo jogado na cama
mais parece jogado ao lixo
das vulgaridades ditas
Meu desejo agora é perigoso
como um verme devorando a carne
até chegar aos ossos
Como uma esquizofrenia
e seus delírios paralelos
Os julgos são em vão
As palavras são comidas
pela fome dos meus tatos
que passeiam vagarosamente
pelas ancas abertas e exaustas
Um torpor paralisante
me embala numa dança vil
E eu nesta loucura interina
procuro uma nobre explicação
para o tesão que sinto por você.

Rapidinhas


Quando tudo acabar
espero estar viva
só pra poder
começar de novo

_________


Nada de livros
nem teorias
fazer e acontecer
eis a maior sabedoria

_________

O maior sucesso é a satisfação

_________


Esqueci o seu nome
mas lembrei-me de
suas cores e
de seus sabores



Cale a Boca que eu Quero Pensar


Palavra fervendo
na panela
queima a boca
de tanto blá blá blá

Sem Título e Com Calma


Carrego as horas na sacola

Levo os dias a passeio

Brinco com o tempo

E faço meu o momento

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Poesia Concreta

Esta poesia foi feita especialmente para e premiada no 69º JOGOS FLORAIS DE RESENDE/RJ - 2009.

Valentina é um dos meus pseudônimos, e faz referência a personagem dos quadrinhos de Guido Crepax.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

terça-feira, 13 de outubro de 2009

FALA BAIXO SENÃO EU GRITO

(imagem: obra de Hélio Oiticica)

Viver é buscar a Liberdade a cada instante. Estar livre deveria ser o primeiro mandamento da vida. Tudo o que faço é da melhor maneira possível. Isso quando faço o que gosto. E gosto da liberdade de poder fazer o melhor. Gosto de escrever. Gosto de pintar. Gosto de trabalhar. Gosto de teatro. Gosto de pessoas. Gosto de gostar.


Liberdade é poder transformar. Transformar é criar o novo, ultrapassar barreiras, quebrar tabus e questionar verdades. Liberdade é transformar idéias em fatos. Fazer acontecer.


Liberdade para abrir caminhos. Construir pontes no lugar de muros. Dar flores ao invés de murros. Liberdade para acordar o corpo. Entornar o copo. Encarar o medo. A vontade é o que determina os acontecimentos. Eu posso. Posso emprestar o meu sono para a pedra que ronca. Dar a minha voz para a música que ouço. Posso arriscar. Posso liberar. Posso usar. Posso lançar.


Liberdade é movimento, respiração. É saber dizer não. É querer dizer sim. É botar a boca no mundo e morder o seu pedaço, do tamanho da sua fome. Do tamanho do seu vôo...


Nem vem que não tem. Sou dissidente. Não me julgo com os olhos de opressões políticas, estéticas, sociais ou artísticas. O mundo é cheio de idéias e não preciso escolher apenas uma.

domingo, 13 de setembro de 2009

ATRÁS DO ESPELHO

Estou cativa de um novo ser
Cativa de manhãs serenas
e de um longo anoitecer
no colo da lua

É como se estivesse nua
Totalmente pelada no meio da rua
Confortável e sozinha
Invisível, intocável, pura

Estou cativa de um novo corpo
Não quero mais me parecer
Sou outra, afinal
Não mais àquela velha

Vejo-me escondida atrás do espelho
Inverso reverso côncavo e convecsso
Em estado de florescer primaveril
Desabrochando para a vida

Tardiamente e sabiamente
Pois nunca é tarde demais
Pra pra ser outra que não eu mesma
Em nova face que é a mesma daquela velha

Tarde não. É manhã serena
Tenho um dia inteiro pra ser flor
E um anoitecer eterno...
... Pra ser amor.

Kátia Quirino

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

BIOGRAFIA


Ela tem um frescor de manhã
que cheira tangerina
Tem um calor, mas um calor...
que corre pelo ventre
E uma alma serena
Muitos sorrisos simpáticos
Ela tem um passo, um ritmo
Umas pernas...
Ela tem sonhos e quer voar
ela tem cabelos ao vento
Um jeito lento
Um balanço nas ancas
Ela tem um olhar grande
Um cheiro de pessoa
Certa mania de querer dar-se
Ela tem amor pela vida
Sua pele - clara
Sua carne - dura
Sua boca - poesia pura
Suas mãos - pintura
Ela gosta de cores
Ela é mulher bicho
À flor dos cinco sentidos
À luz do sol ou de velas
Ela muda com a lua
Tem a alma nua e crua

Kátia Quirino

QUERO ASSIM

Quero uma alma sim
(Pois há quem diga não tê-la)
Aspirina efervescente
Sensação de algodão doce na boca
Calor e aconchego de lareira acesa

Quero um amor sim e assim
Grandioso Desfiladeiro
Para que eu possa dele saltar
Com emoção de primeiro vôo
E o gosto da liberdade
Quero a vida assim, sim
Nascimento de Vênus, de Botticelli
Com inocente alegria de criança
E a sabedoria da velhice

Kátia Quirino

VENHA COMIGO

Meus olhos têm a claridade da espuma marinha
Têm a transparência de quem diz tudo e nada
Meu espaço se estende sem amparo e com ternura
Ele é infinito como o universo
Ouço um cântico de lamento e celebração
Um canto maldito de uma boca censurada
Meu silêncio é transgressor
E o grito é de vitória e gozo!
Meu ser é recôndito, tanto que sou parte do inverno
Contudo sinto um frio que queima por dentro
Apenas o sol me mantém cálida
Tanto que sou outra parte do verão
A solidão é um delírio moderno?
(Ela tem o som de ondas batendo nas rochas...)
Quantos são os segredos da alma?
Quão grandes são os desafios da vida...
Perdão por essa sucessão de luz e silêncio estridente
Por esta solidão insana, pelo canto submerso em lama
Perdoe-me pela palavra muda, pelo frio sombrio
Essa mudança brusca do tempo
É engano tentar entender o que é este movimento
Dentro e através da escuridão
Apenas vejo uma luz dourada e sinto calma
Não sei, e mesmo assim vou
Viajei muito pra chegar até aqui e parar

Kátia Quirino

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

CECÍLIA MEIRELES



SERENATA

"... Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora, e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio, e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo ... "




OU ISTO OU AQUILO

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

CIDADE




Pela janela consigo ver
A cara agitada do asfalto
Pessoas apressadas
Prédios onde antes tinham asas
Algo calmo seduz a paisagem
Com fluidez de água
Depois das janelas fechadas
Aceito o concreto
O corpo edificado
E mergulho n'água
Para que a pedra
Transforme-se em asas

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

MEU CORPO É O SEU POEMA


O seu poema já foi escrito
nas linhas do meu corpo
Em letras garrafais
a palavra amor
entre os seios tremulantes
Outra estrofe mais abaixo
onde escorregam reticências...
interjeições e ponto final.

O POEMA E A ILUSTRAÇÃO SÃO MEUS!

FOTOPOEMA


O poema e a pintura são de minha autoria.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

É MUITO FÁCIL ACENDER UMA CHAMA, DIFÍCIL É APAGÁ-LA


EU RIO


Rio é a conjugação do verbo rir na primeira pessoa do presente. Com a alma encharcada dessas águas é impossível deixar de rir. Suas águas transparentes escondem mistérios que os artistas revelam com suas ilustrações e pinturas quando fazem o encontro com a natureza. Imenso deslumbramento que meus olhos flagram. Ora as águas me banham e enrugam de tanto deleite, ora limpam a mente, as dores e o corpo, revelando a beleza nua de sua amante. Somente após chorar rios de lágrimas consigo rir dos meus desvios. Como um afluente, quero encontrar meu rio. Como um rio, quero fluir calmamente e incessantemente pelo meu caminho. Essa é a minha natureza. E a do rio.

Peço licença ao meu amigo Mallorca para publicar aqui neste blog a aquarela do Rio Paraíba de sua autoria, que me inspirou nestas palavras.

ACREDITO SE QUISER


Eu poeta?
Me conte outra
Outra mentira
Mais convincente
Eu poeta! Ah!
Você sabe o que é poesia?
Não deve saber
Então vá ler
Vou fingir ser poeta
Escrever versos metafóricos
Citar as estrelas, o luar
Para que eu mesma
Consiga acreditar

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

ÂNGULOS DE SABÓIA


Toda mulher comum tem seus defeitos e suas qualidades. Tive a oportunidade de ser filmada pelas lentes do querido João Sabóia em um desfile de Bloco Carnavalesco em 2008. Estava alguns quilos mais gorda, mas mesmo assim o vídeo é campeão de vizualizações do RESENDE TV. O figurino parecia um papagaio deslumbrado de tão verde e plumado, mas quis encarnar a Mata Atlântica... (pode rir...).
Hoje revendo o vídeo e lendo os comentários, a maioria deles de péssimo gosto, me senti um pouco sem jeito, me chamam de Raimunda, pedem pra esconder a cara, e, claro, elogiam as pernas e a bunda.
O vídeo não tem nehuma conotação erótica, mas o ângulo utilizado por Sabóia explora muito meus pés e as pernas de cima pra baixo, tanto que ele o nomeou de SAMBA NO PÉ. Fiquei muito feliz com a repercussão dele, pois foi expontâneo, artístico, sem ensaios e retoques. Mas não posso deixar de responder aos comentários dos meninos que ficam procurando por Priscilas e Julianas. Na realidade vou primeiro perguntar: Vocês são Gianecchinis ou Zulus??? Pelo menos lembram o Brad Pitt, ou o Cauã Reymond? Posso responder: tenho certeza que não, mas mesmo assim vou pensar se dou uma chance a vocês.... Se vocês forem pelo menos inteligentes...
Minha beleza mora livre em mim, por meus traços imperfeitos e pelos movimentos do meu corpo. Fica o meu apelo a todos: deixemos de ser superficiais, de ter pensamentos e modelos padronizados. Você conseguiu enxergar meus olhos? Desenhou minha boca com a ponta dos seus dedos? Percebeu minha covinha na bochecha direita? Acredito que não. Perdeu. Mas a bunda que apareceu por menos de dois segundos todo mundo viu....
Valeu Sabóia!!! No próximo vídeo vou caprichar mais no decote dos seios e fazer carinha de sexy symboll, vamos arrematar o recorde do youtube!
Tyler Stuart diz tudo em poucas palavras: "O órgão sexual mais importante é o ouvido"

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Pra onde vai o meu amor quando o amor acaba?




Almanaque


Chico Buarque


Ô menina vai ver nesse almanaque como é que isso tudo começou
Diz quem é que marcava o tique-taque e a ampulheta do tempo disparou
Se mamava de sabe lá que teta o primeiro bezerro que berrou
Me responde, por favor
Pra onde vai o meu amor
Quando o amor acaba?
Quem penava no sol a vida inteira, como é que a moleira não rachou
Quem tapava esse sol com a peneira e quem foi que a peneira esfuracou
Quem pintou a bandeira brasileira que tinha tanto lápis de cor
Me responde por favor
Pra onde vai o meu amor
Quando o amor acaba?
Diz quem foi que fez o primeiro teto que o projeto não desmoronou
Quem foi esse pedreiro, esse arquiteto, e o valente primeiro morador
Diz quem foi que inventou o analfabeto e ensinou o alfabeto ao professor
Me responde por favor
Pra onde vai o meu amor
Quando o amor acaba?
Quem é que sabe o signo do capeta, o ascendente de Deus Nosso Senhor
Quem não fez a patente da espoleta explodir na gaveta do inventor
Quem tava no volante do planeta que o meu continente capotou
Me responde por favor
Pra onde vai o meu amor
Quando o amor acaba?
Vê se tem no almanaque, essa menina, como é que termina um grande amor
Se adianta tomar uma aspirina ou se bate na quina aquela dor
Se é chover o ano inteiro chuva fina ou se é como cair o elevador
Me responde por favor
Pra que tudo começou
Quando tudo acaba


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Agora é minha vez. Pergunta difícil Chico, meu camarada...


Existe um lugar Chico?
Tem endereço?
É um túmulo onde o amor tem direito a um jazido?
"Aqui jaz o amor de Chico e Marieta"
Não, não é esse lugar
Não é uma morte
É como um estranhamento
Um espelho que se parte
Uma pedra no rim
É um lugar exílio
É a alma fora do corpo
Meu amor eu mando
Pra onde quiser
Que não seja longe de mim
Pode ser dentro da gaveta de calcinhas
Em um cd de backup do meu computador
Pode ser dentro do congelador
Também te pergundo Chico
Onde foi parar o amor da Marieta?
Foi para a puta que o pariu
Seria muito Severo, Chico?
O amor foi parar num lugar
Sem fim nem recomeço
Foi pra dentro de mim.


Kátia Quirino


A CAIXA DE PANDORA


Por que uma caixa contendo todos os males da humanidade conteria também a Esperança?

A propaganda da TV FUTURA nos leva a refletir que o que move o mundo não são as respostas, e sim as perguntas. Concordo, pois a dúvida é o combustível que nos leva ao conhecimento.

Inicio assim este blog, de curiosa e questionadora que sou.
Gosto de estar a frente do tempo, como Lulu no filme a Caixa de Pandora (1929), que quebrou tabus com sua personalidade irriquieta, sexualmente afirmativa e original. Vamos abrir a caixa...