até ouvir a sua voz
breve e calma, sem nada dizer
além do que disse
eu não te imaginava humano
era apenas um espectro
um vulto de um poeta
um coração dolorido
mas então ouvi a sua voz...
e a comi com açúcar
dormi e acordei com ela
nadamos juntas na piscina
imitei a voz, fiz seu gromelô
até meu repertório ela virou
depois lhe dei silêncio
deixei ela saltar à boca
e bater no peito.
Kátia Kirino
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
(DES)ENCONTRO (IN)EXISTENTE
as pernas se encaixaram
quando dormimos juntos
cada um em sua cama
por horas desejei apenas suas mãos
por minutos a sua respiração
por segundos as frações do seu tempo
frigia sorrisos descarnados
forjava encontros lunares
sorvia beijos catatônicos
meu sentimento, caos de infusões
liberou o amor nunca tido
e me bastou de ilusões
quando dormimos juntos
cada um em sua cama
por horas desejei apenas suas mãos
por minutos a sua respiração
por segundos as frações do seu tempo
frigia sorrisos descarnados
forjava encontros lunares
sorvia beijos catatônicos
meu sentimento, caos de infusões
liberou o amor nunca tido
e me bastou de ilusões
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
INDEFINIDO O QUE SINTO
tentei chorar e não consigo
deixei palavras, frases e letras
para definir o que sinto
e só posso dizer:
??????????????
nada, nada tem sentido
nem o grito mudo
nem o silêncio estribilho
nada sei do que sinto
e só posso dizer:
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
deixei palavras, frases e letras
para definir o que sinto
e só posso dizer:
??????????????
nada, nada tem sentido
nem o grito mudo
nem o silêncio estribilho
nada sei do que sinto
e só posso dizer:
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
PASSARELA
não ficar impassível
ao que passa por ela
e ao que fica do que passou
é passível que o possível
estremeça a passarela
o que finda não esvai
e o que vai volta
pela via que passa nela
HAICAI
BLOSSOM DEARIE
eu fiz dancinha
com a ponta dos meus pés
escutando jazz
------------
COLETIVO
palavra dita
não tem dono nem rumo
a-tinge todo
eu fiz dancinha
com a ponta dos meus pés
escutando jazz
------------
COLETIVO
palavra dita
não tem dono nem rumo
a-tinge todo
sábado, 25 de janeiro de 2014
ALGUÉM QUE NÃO SEI QUEM
chegou alguém
que não sei quem
me despertou
não sei o quê
tal como imã, atraiu
me derreteu à fogo
me embutiu as tripas
não sei seu rosto
nem o seu gosto
chegou trovejando poesia
transbordando afeto
disse adeus sem nem sair
e mora longe dentro de mim
anseio suas palavras
pergunto se os seus versos
são meus?
queria lhe falar frases eternas
derramar-lhe meu cio
cobrir-lhe os ombros de abraços
encher de sorriso sua melancolia
que não sei quem
me despertou
não sei o quê
tal como imã, atraiu
me derreteu à fogo
me embutiu as tripas
não sei seu rosto
nem o seu gosto
chegou trovejando poesia
transbordando afeto
disse adeus sem nem sair
e mora longe dentro de mim
anseio suas palavras
pergunto se os seus versos
são meus?
queria lhe falar frases eternas
derramar-lhe meu cio
cobrir-lhe os ombros de abraços
encher de sorriso sua melancolia
COMPLETUDE
Eu e minha solidão que eu adoro
Abalo de calma e mansidão
Silêncio que fala e diz tudo
Eu e minha solidão
Tão vasta e tão sólida
Tão casta e tão eólica
Minha solidão que eu adoro
Quero vivenciá-la até o fim
E desbundar de sua essência
Até que reste entre eu e ela
Comunhão
Abalo de calma e mansidão
Silêncio que fala e diz tudo
Eu e minha solidão
Tão vasta e tão sólida
Tão casta e tão eólica
Minha solidão que eu adoro
Quero vivenciá-la até o fim
E desbundar de sua essência
Até que reste entre eu e ela
Comunhão
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
TROVA
tocou uma canção
dentro de mim
fez-me dançar
rodopiar
povoou meu coração
um canto branco
fez-me ouvir
gargalhadas
solitário coração
encontra outro
melodia de duas notas
e vários sons
dentro de mim
fez-me dançar
rodopiar
povoou meu coração
um canto branco
fez-me ouvir
gargalhadas
solitário coração
encontra outro
melodia de duas notas
e vários sons
VENDO A BANDA PASSAR
quisera amar suas noites melódicas
seus beijos cantados
o refrão das suas carências
a voz de tenor afinada
mas minha solidão harmônica
me tirou do compasso
fui sambar em outra escola
perdi o ensaio da banda
seus beijos cantados
o refrão das suas carências
a voz de tenor afinada
mas minha solidão harmônica
me tirou do compasso
fui sambar em outra escola
perdi o ensaio da banda
NoctíVAGA
vaga lume
vaga vida
lume cega
fluorescente
vaga pela
noite
Nota: título de Rogério Ramos Pimentel
vaga vida
lume cega
fluorescente
vaga pela
noite
Nota: título de Rogério Ramos Pimentel
OLX
a vida me fez assim
um ser que não sente
uma mulher que se deita
em sua cama quente
sem deixar sementes
sem apelo ao amor
um ser que dez-a-pega
um ser que não sente
uma mulher que se deita
em sua cama quente
sem deixar sementes
sem apelo ao amor
um ser que dez-a-pega
MENTIRAS DE FIM DE NOITE
quero vomitar arco íris de papel
sujar a maculada fonte da verdade
com mentiras de fim de noite
fazer brotar o monstro adormecido
essa loba louca que anda rouca
trôpega de uivos calados
quero tirar as garras para fora
afiadas, famintas e febris
qual gata no cio a passear na noite
me deleito dessa vontade até cansar
uma transa qualquer eu topo
mas amar só amo o amor
sujar a maculada fonte da verdade
com mentiras de fim de noite
fazer brotar o monstro adormecido
essa loba louca que anda rouca
trôpega de uivos calados
quero tirar as garras para fora
afiadas, famintas e febris
qual gata no cio a passear na noite
me deleito dessa vontade até cansar
uma transa qualquer eu topo
mas amar só amo o amor
domingo, 19 de janeiro de 2014
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
AMOR CANSADO
meu amor se cansou
do amor feito
apagou suas pegadas
deixou-me livre e ilhada
vou costurar a alma
no desapreço do amor cansado
e seguir pelo efêmero eterno
desconhecido e só caminho
do amor feito
apagou suas pegadas
deixou-me livre e ilhada
vou costurar a alma
no desapreço do amor cansado
e seguir pelo efêmero eterno
desconhecido e só caminho
CALAMIDADE
meus avessos indomados
estão em guerra
meus inteiros despedaçados
viraram cacos
o passado me deu um soco
o meu mundo ficou oco
então miro o horizonte
e percebo que minha vida
é uma calamidade em busca da poesia
Kátia Kirino
estão em guerra
meus inteiros despedaçados
viraram cacos
o passado me deu um soco
o meu mundo ficou oco
então miro o horizonte
e percebo que minha vida
é uma calamidade em busca da poesia
Kátia Kirino
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
o belo e o sofrível
deixa eu chorar minhas tristezas
deixa eu falar meus desencantos
cansei dessa minha falsa alegria
quem não tem desentendimentos amorosos?
quem não sofre ou um dia sofreu?
entendam meu estado é de espírito
não fosse assim, tudo seria mais fácil
mas não quero simplesmente deixar doer
quem não ri de suas desgraças
amarga o gosto do desamparo
Não me importo com o que falam
nem o que pensam sobre mim
só eu sei o que sinto,
meu existir no mundo é único
por mais que os amigos sejam importantes
e o são,
mas estou plena e convicta do meu amor próprio
não me leiam tentando entender
pois nem eu sei o que está se passando agora
sei que é amplo meu pensamento
por isso deixei as portas abertas
por isso abri minhas percepções
não sinto só, me sinto comigo
estou na companhia de valiosos amigos
e muita gente querendo ver o circo pegar fogo
para essas deixo minha gentileza
se não me quer ler, me deixa
tem várias formas de dizer adeus
eu escolho a minha, cada um a sua
ninguém tem nada a ver com isso
e se tiver, me acene um tchau
a barreira entre o belo e o sofrível está nos olhos de quem lê.
deixa eu falar meus desencantos
cansei dessa minha falsa alegria
quem não tem desentendimentos amorosos?
quem não sofre ou um dia sofreu?
entendam meu estado é de espírito
não fosse assim, tudo seria mais fácil
mas não quero simplesmente deixar doer
quem não ri de suas desgraças
amarga o gosto do desamparo
Não me importo com o que falam
nem o que pensam sobre mim
só eu sei o que sinto,
meu existir no mundo é único
por mais que os amigos sejam importantes
e o são,
mas estou plena e convicta do meu amor próprio
não me leiam tentando entender
pois nem eu sei o que está se passando agora
sei que é amplo meu pensamento
por isso deixei as portas abertas
por isso abri minhas percepções
não sinto só, me sinto comigo
estou na companhia de valiosos amigos
e muita gente querendo ver o circo pegar fogo
para essas deixo minha gentileza
se não me quer ler, me deixa
tem várias formas de dizer adeus
eu escolho a minha, cada um a sua
ninguém tem nada a ver com isso
e se tiver, me acene um tchau
a barreira entre o belo e o sofrível está nos olhos de quem lê.
domingo, 12 de janeiro de 2014
VISÃO NOTURNA
Um calor me mandou pra fora da existência de casa.
Em pleno verão adverso de sete sóis assolando a carne.
Ali, naquela noite de céu limpo e lua crescente,
a música no carro tornou ameno o caminho.
Alcancei o ponto mais alto da estrada,
as luzes embaixo das rodas me deram
estranhas sensações de penhasco.
Diminui a velocidade.
Quis a estrada toda minha,
a estrada e a música.
Cheguei. Aonde estou? São onze horas da noite.
Cheguei antes do tempo, ainda quente.
Quis tirar as roupas, mas o tempo se enclausurou
naquela estrada, tempo de contemplações.
Então surgiram livros voadores,
pousaram em minhas mãos, me fazendo lê-los.
Minha mente se expandiu no espaço
viajei castelos, igrejas barrocas, telhados,
conheci culturas, teorias e histórias.
Como vozes os pensamentos acordaram. Abri os olhos.
Já eram oito e meia da manhã.
Já era quase outra vida,
e meu delírio transpassou a noite, acordei aturdida.
Desde então comecei a enxergar no escuro
e a usar óculos de dia.
Em pleno verão adverso de sete sóis assolando a carne.
Ali, naquela noite de céu limpo e lua crescente,
a música no carro tornou ameno o caminho.
Alcancei o ponto mais alto da estrada,
as luzes embaixo das rodas me deram
estranhas sensações de penhasco.
Diminui a velocidade.
Quis a estrada toda minha,
a estrada e a música.
Cheguei. Aonde estou? São onze horas da noite.
Cheguei antes do tempo, ainda quente.
Quis tirar as roupas, mas o tempo se enclausurou
naquela estrada, tempo de contemplações.
Então surgiram livros voadores,
pousaram em minhas mãos, me fazendo lê-los.
Minha mente se expandiu no espaço
viajei castelos, igrejas barrocas, telhados,
conheci culturas, teorias e histórias.
Como vozes os pensamentos acordaram. Abri os olhos.
Já eram oito e meia da manhã.
Já era quase outra vida,
e meu delírio transpassou a noite, acordei aturdida.
Desde então comecei a enxergar no escuro
e a usar óculos de dia.
IMPRESSÕES TÁCTEIS
Acordei com seus versos nos meus lábios,
balbuciando palavras de cores e texturas tácteis.
Acordei com seus versos na língua,
tateando molhada as sílabas da sua arte sacanagem.
Permanecem suas impressas percepções
no intacto gosto do papel
gosto de saliva no céu da boca
lambendo o poema parido.
balbuciando palavras de cores e texturas tácteis.
Acordei com seus versos na língua,
tateando molhada as sílabas da sua arte sacanagem.
Permanecem suas impressas percepções
no intacto gosto do papel
gosto de saliva no céu da boca
lambendo o poema parido.
a noite com sono
a noite dorme em si mesma
abraçada em sonhos de almo-fadas
no embalo de grilos falantes
na calada madrugada
dorme noite, já está tonta de sono
tropeços no escuro
rima acordada
abraçada em sonhos de almo-fadas
no embalo de grilos falantes
na calada madrugada
dorme noite, já está tonta de sono
tropeços no escuro
rima acordada
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
ADULARESCÊNCIA
meu olhar sobre a vida está cheio de lampejos prateados
que lembram o brilho da lua
minhas retinas captam o reflexo interno do brilho da vida
provocando efeitos resplandecentes ondulantes sobre as coisas vistas
efeitos hora brancos, hora azuis, hora rosas, hora verdes
e a vida fica assim, colorida, opalescente
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Eu amo a vida!!
http://leticiacbarros1.blogspot.no/search?updated-min=2012-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=2013-01-01T00:00:00-08:00&max-results=1
É com este texto de sua própria autoria que me despeço da querida companheira de faculdade, da poetisa e assistente social Letícia Barros. Ela morreu dia 08 de janeiro de 2014, vítima de câncer. Viveu com intensidade e amor, foi guerreira e militante da causa do câncer na sociedade, chegando a conseguir a aprovação de uma lei municipal em Juiz de Fora/ MG, que garante direitos sociais para portadores de câncer. Não a encontrava há mais de dez anos, mas acompanhei sua luta pelas redes sociais.
Penso que pessoas como Letícia são aquelas que marcam nossas vidas com uma presença vibrante e jovem. Pessoas que nos ensinam que a vida é breve mas pode ser intensa. Que existe sim dor e sofrimento, mas que existe também fé e esperança. Sou grata por ter lhe conhecido.
É com este texto de sua própria autoria que me despeço da querida companheira de faculdade, da poetisa e assistente social Letícia Barros. Ela morreu dia 08 de janeiro de 2014, vítima de câncer. Viveu com intensidade e amor, foi guerreira e militante da causa do câncer na sociedade, chegando a conseguir a aprovação de uma lei municipal em Juiz de Fora/ MG, que garante direitos sociais para portadores de câncer. Não a encontrava há mais de dez anos, mas acompanhei sua luta pelas redes sociais.
Penso que pessoas como Letícia são aquelas que marcam nossas vidas com uma presença vibrante e jovem. Pessoas que nos ensinam que a vida é breve mas pode ser intensa. Que existe sim dor e sofrimento, mas que existe também fé e esperança. Sou grata por ter lhe conhecido.
Grande mulher, de beleza aberta como o seu sorriso, de grande fé, de grande valor.
Meus sentimentos aos seus familiares, amigos e ao seu esposo Bavuso.
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
POR TUDO, POR NADA
Pelos nossos bons momentos,
SALVE!
Pelos prazeres, beijos e abraços,
SALVE!
Pelas belas risadas, boas piadas e gargalhadas,
SALVE!
Pela companhia, pelo dia a dia,
SALVE!
Pelo cuidado, por me amar,
SALVE!
Pelas noites que me deixou te esperando,
FODA-SE
Por todas as vezes que mentiu,
FODA-SE
Pela sua grande inconstância,
FODA-SE
Pelo dia em que deixou de me amar,
FODA-SE
Por todos os quilos que me fez engordar:
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
SALVE!
Pelos prazeres, beijos e abraços,
SALVE!
Pelas belas risadas, boas piadas e gargalhadas,
SALVE!
Pela companhia, pelo dia a dia,
SALVE!
Pelo cuidado, por me amar,
SALVE!
Pelas noites que me deixou te esperando,
FODA-SE
Por todas as vezes que mentiu,
FODA-SE
Pela sua grande inconstância,
FODA-SE
Pelo dia em que deixou de me amar,
FODA-SE
Por todos os quilos que me fez engordar:
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
FODA-SE
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
524 QUILÔMETROS
Já andei 524 quilômetros.
Vi hospitais, montanhas e outras paisagens
Andei sozinha e em outra companhia
Tracei a rota do meu olhar
Tão bonito é o caminho que escrevi para mim
Fiz uma colheita boa
Plantei batatas, com um pé na bunda
Colhi lirismo e poesia
Nesses últimos 31 dias
Vi hospitais, montanhas e outras paisagens
Andei sozinha e em outra companhia
Tracei a rota do meu olhar
Tão bonito é o caminho que escrevi para mim
Fiz uma colheita boa
Plantei batatas, com um pé na bunda
Colhi lirismo e poesia
Nesses últimos 31 dias
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
RODA DE VIOLÃO
aqui estou embriagada
avançando a madrugada
24 horas acordada
livre de mais uma roubada
dentro de uma canoa quebrada
loba da lua almada
olhos semicerrados no breu
nem catarata nem óculos escuros
ainda nem amanheceu
o tempo passa abstrato pelos dedos
slow motion de um piscar de olhos
cantando a mesma velha canção
avançando a madrugada
24 horas acordada
livre de mais uma roubada
dentro de uma canoa quebrada
loba da lua almada
olhos semicerrados no breu
nem catarata nem óculos escuros
ainda nem amanheceu
o tempo passa abstrato pelos dedos
slow motion de um piscar de olhos
cantando a mesma velha canção
SEJO-ME
a poeira do dia nos sapatos
a fumaça embrenhada no estofado do sofá
e a cabeça a girar em torno do sol
coração palpitante, pulso pulsante
não sei o tanto que vou caminhar
paetê vermelho enfeitando os cabelos
a tela em branco esperando outra cor
o cheiro do sândalo queimando
me leva a pensar no que sou
espelhos pela casa, amplitude
lente modo auto retrato
espelho que me traça destorcida
nada se parece com o que sou
quem se assemelha não se carece
nada que sou é o que sei
todo ser deveria rever-se
o que sou não tem pressa em saber-se
apenas ser, se for este o querer
a fumaça embrenhada no estofado do sofá
e a cabeça a girar em torno do sol
coração palpitante, pulso pulsante
não sei o tanto que vou caminhar
paetê vermelho enfeitando os cabelos
a tela em branco esperando outra cor
o cheiro do sândalo queimando
me leva a pensar no que sou
espelhos pela casa, amplitude
lente modo auto retrato
espelho que me traça destorcida
nada se parece com o que sou
quem se assemelha não se carece
nada que sou é o que sei
todo ser deveria rever-se
o que sou não tem pressa em saber-se
apenas ser, se for este o querer
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