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domingo, 12 de janeiro de 2014

VISÃO NOTURNA

Um calor me mandou pra fora da existência de casa.
Em pleno verão adverso de sete sóis assolando a carne.
Ali, naquela noite de céu limpo e lua crescente,
a música no carro tornou ameno o caminho.
Alcancei o ponto mais alto da estrada,
as luzes embaixo das rodas me deram
estranhas sensações de penhasco.
Diminui a velocidade.
Quis a estrada toda minha,
a estrada e a música.

Cheguei. Aonde estou? São onze horas da noite.
Cheguei antes do tempo, ainda quente.
Quis tirar as roupas, mas o tempo se enclausurou
naquela estrada, tempo de contemplações.

Então surgiram livros voadores,
pousaram em minhas mãos, me fazendo lê-los.
Minha mente se expandiu no espaço
viajei castelos, igrejas barrocas, telhados,
conheci culturas, teorias e histórias.

Como vozes os pensamentos acordaram. Abri os olhos.
Já eram oito e meia da manhã.
Já era quase outra vida,
e meu delírio transpassou a noite, acordei aturdida.
Desde então comecei a enxergar no escuro
e a usar óculos de dia.

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